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domingo, 9 de novembro de 2014

Dia 232 - Lichtgrenze: uma releitura do Muro

Lichtgrenze: East Side Gallery
O termo “queda do muro” é um nome mais simbólico do que real. Após diversos protestos, o maior deles no dia 04/11/1989, na Alexander Platz, os líderes do Partido Socialista Único anunciaram que “todos os cidadãos da República Democrática Alemã teriam direito a ter um passaporte e permissão para viajar para a Alemanha Ocidental”. Esse anúncio foi feito no dia 09/11/1989 às 19h. Minutos depois, milhares de pessoas se reuniram nos pontos de passagem entre as duas Alemanhas que, por pressão popular, foram abertos, permitindo a saída dos cidadãos pertencentes ao lado oriental. Começava então o processo de redemocratização e reunificação das duas contrastantes Alemanhas. Além do mais, esse evento marcou o fim da Guerra Fria e total falência do socialismo – quase total.

Onde o muro separou o oriente do ocidente por 28 anos, 8000 balões, com gás hélio, foram colocados entre os dias 7 e 9 de Novembro de 2014, para que as pessoas tivessem a noção das dimensões do muro. Dos 160Km originais, 15km foram cobertos pelos balões que foram soltos às 19h do dia 09/11, precisamente 25 anos após o anúncio, um a um, como uma onda (na verdade ocorreu um atraso de uns 20 minutos). Cada balão continha uma mensagem, sendo várias delas de pessoas que foram afetadas, de alguma forma, pelo cinzento muro de concreto.

Os pontos por onde o novo muro passou, não foram escolhidos de maneira aleatória. Cada um dos 9 tem importância histórica, seja por fugas cinematográficas ou por brutalidade e truculência de como a construção aconteceu (até uma igreja foi derrubada).

Bornholmer Straβe – primeira fronteira a cair, devido à milhares de pessoa que, após ouvirem o anúncio, se reuniram e pressionaram os guardas que acabaram cedendo. A partir dessa abertura, todas as outras fronteiras se abriram.

Lichtgrenze: Mauerpark
Mauerpark – esse pequeno parque foi divido ao meio pelo muro e atualmente funciona um brechó aos domingos. Pessoas do mundo inteiro se reúnem por lá, para tomar sol (no verão), comer comidas de tudo que é canto do mundo, procurar quinquilharias sejam modernas, ou do tempo da Alemanha Oriental, além de assistir artistas de rua que se apresentam no anfiteatro.

Bernauer Straβe – ao longo dessa rua ocorreram várias mortes de pessoas que tentaram cruzar a fronteira, inclusive de uma senhora que teve problemas no coração advindos da emoção durante a fuga. O fato mais marcante foi a derrubada de uma igreja em 1985. No domingo, 09/11/2014, foi celebrada uma missa em uma pequena capela que foi construída no local dessa igreja. A missa contou inclusive com a presença da Angela Merkel.

Homboldthafen – nesse local, ocorreu o primeiro assassinato de um jovem que tentava fugir para o oeste. Durante a construção do muro várias pessoas conseguiram fugir para o lado ocidental, já que a fronteira não estava totalmente fechada. Poucos acreditavam na possibilidade dos guardas atirarem nos desertores. Em 22/08/1961, foi anunciado que, caso necessário julgassem necessário, seria feito o uso da força, para manter a ordem nas fronteiras. Dois dias após o anúncio, um jovem de 24 anos, Günter Litfin, foi morto a tiros enquanto tentava cruzar, a nado, para o lado ocidental.

Portão de Brandenburgo – principal símbolo alemão, ficou do lado ocidental durante a divisão. Todos os eventos importantes são comemorados nas suas imediações, incluindo Copa do Mundo. Em comemoração ao jubileu da queda do muro, foi montado um palco enorme ao seu redor, onde Angela Merkel discursou e diversos artistas se apresentaram.

Lichtgrenze: Potsdamer Platz
Potsdamer Platz – durante a segunda guerra mundial, Berlim sofreu cerca de 363 bombardeios, a grande maioria em instalações nazistas, localizadas a poucos quarteirões da praça, que ficou totalmente destruída. Com a divisão de Berlim entre os aliados, essa região ficou conhecida como no man’s land (terra de ninguém), por conta de se localizar exatamente entre o eixo capitalista e socialista. Cerca de 8 meses após a queda do muro, foi realizado o show The Wall, organizado por Roger Waters e outra dezena de artistas convidados. Cerca de 500.000 pessoas assistiram ao show que não deixou de ser uma celebração quanto a reunificação da cidade e do país.

Checkpoint Charlie – considerado os “olhos do mundo”, foi comumente utilizado como ponto de protesto contra o regime comunista. Em 1986 um jovem casal preencheu a cabine de um caminhão com cerca de 5 toneladas de brita e dirigiram em direção à fronteira, em busca de um futuro melhor para seu bebê de 8 meses. O caminhão passou derrubou a primeira barreira e passou pela segunda. A família conseguiu alcançar o oeste ilesa.

Engelbecken – localizada em Kreuzberg, essa região foi palco de protestos artísticos na Berlin oriental. Qualquer manifestação de arte nas cinzas paredes do muro de concreto era proibida pelo Partido Socialista. A manifestação mais famosa, foi executada por dois artistas franceses que pintaram vários murais coloridos e chegaram até a pendurar um mictório no lado oriental do muro.

East Side Gallery – o maior e mais bem conservado pedaço do muro ainda está lá, onde vários artistas pintam incríveis telas ao ar livre. Além disso, essa parte do muro fica exatamente em frente ao rio que corta Berlim, o Spree. Vária tentativas de fuga ocorreram nessa região, além de uma trágica história. Em 11/05/1975, uma criança de 5 anos de idade, caiu no rio enquanto brincava na margem. O Corpo de Bombeiros de Berlim Ocidental chegou rapidamente ao local, mas nada podia fazer para salvar o menino, pois aquele território era da Alemanha oriental. Ele foi uma das 5 crianças que se afogaram na região.
Lichtgrenze: Caos

Enquanto os balões foram sendo soltos, as pessoas aplaudiam e um clima de euforia tomou conta de toda Berlim. Cerca de 2 milhões de pessoas estiveram presentes em diversos pontos. Ao final, era possível ver pessoas levando a haste que sustentava os balões, para casa, como uma espécie de souvenir.

Além disso tudo, o final de semana foi marcado pela minha foto de número 5.000, um número que impressiona, pois reflete a quantidade de experiências que vivi nos últimos meses.

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