O centésimo
dia de viagem, obviamente, não seria comum e pacato.
Essa primeira semana é quando teremos aulas de nepalês e estudaremos sobre a
cultura e costumes, que nos ajudarão a enfrentar essa difícil jornada.
Set de filmagem |
No café da
manhã conheci quem seria minha colega de classe, uma americana do Texas, que já
fez voluntariado no Quênia, em Nairóbi, e me pareceu ser bem bacana. Seus pais são
mexicanos, então tivemos uma criação bem parecida.
Na primeira
aula tivemos uma visão geral sobre religião, castas, festivais e frases básicas
em nepalês. Tínhamos várias dúvidas e aos poucos começamos a entender um pouco
como a banda toca e como serão nossos respectivos projetos. Já sei que tem
outro voluntário no meu projeto, o que vai me ajudar muito no início.
Depois de 3
horas de aula, almoçamos e fui com minha colega americana comprar um sim card,
para termos celulares locais, e alguns suprimentos, como papel higiênico, nada
difundido por aqui. Agora tenho um número nepalês e internet com 2GB no meu
celular, o que dá um certo alívio, já que no hostel não tem wi-fi.
Chegando do
nosso passeio, encontrei o americano que deveria ter ido para Lukla, mas devido
ao mau tempo, ele não pôde voar, nem de avião, nem de helicóptero. O aeroporto
de Lukla tem uma pista curtíssima e é considerado um dos mais perigosos do mundo,
bem na base do gigante do Himalaia. Caso eu decida fazer a caminhada pelo
Everest, começarei por lá – logo eu, que morro de medo de avião.
Selfie de parte do elenco |
Ele estava
extremamente frustrado, após horas de espera em vão no aeroporto, então fomos
para o centro da cidade, tomar uma cerveja. Fomos eu, o americano e a
americana, em um micro-ônibus da década de 70, onde um garoto de 10 anos era o
trocador. Enquanto tomávamos uma cerveja, o nosso professor me ligou e pediu
para que fizéssemos parte de um filme, onde o amigo dele era o diretor.
Topamos
participar do filme, chamado Destination Kathmandu, onde o meu papel e da
americana era aplaudir e sorrir, já que o nosso amigo, o americano, estava
ficando noivo de uma nepalesa. O filme é sem pé nem cabeça, impossibilitando um
real entendimento, mas foi das coisas mais divertidas que já fiz, e ríamos o
tempo todo. Repetimos a cena de vários ângulos diferentes, claro. O figurino
foi improvisado pelo diretor, onde eu estava de calça jeans, camisa e paletó,
dentro de uma casa, com as luzes queimando minha careca – muito agradável.
Nossa preocupação
maior era que no Nepal, se dorme muito cedo (por volta das 21:00) e no ritmo
que a filmagem ia, chegaríamos muito tarde no hostel, que estaria trancado. Avisamos
que tínhamos que ir embora, já eram mais de 23:00, e, finalmente, acabaram as
filmagens.
Entramos na van da produção onde amontoaram 16 pessoas, onde caberiam umas 10.
Chovendo forte, escuro, asfalto inexistente, a van derrapando e pulando igual a
uma perereca, todo mundo amontoado e cansado, até que 00:00, chegamos ao
hostel. A van não conseguia descer a nossa rua, então fomos a pé, na chuva,
utilizando as lanternas dos celulares para iluminar o chão. Claro que os dois
portões do hostel estavam trancados. Pulamos o primeiro muro, mas não
conseguimos entrar mesmo assim. Em meio àquela confusão acordamos metade do
hostel, até que abriram a porta para entrarmos.
04:30 o
americano levantou para, mais uma vez, tentar embarcar para Lukla. Tomara que
dê certo.