Ponto de ônibus em Lamatar |
Aconteceu
tanta coisa e o dia foi tão intenso, que nem sei por onde começar...
Peguei o
transporte cedo, rumo à Kathmandu, mas essa vez foi especial. Como fui mais
cedo que o normal, por volta das 07:20, várias mulheres estavam indo vender
seus produtos de hortifruti, em cestos enormes e pesados, e a única maneira de
irem à cidade é usando as vans. Fiquei impressionado como que as pessoas ajudam
umas às outras por aqui, mesmo sendo desconhecidos. Um senso de comunidade e de
amor ao próximo impressionantes.
Enfrentei
essa maratona apertada e fedorenta e fui direto para o consulado. Um sol de
matar e chegando lá, descobri que o meu visto teria duração de 1 mês e, caso
desse entrada com o meu passaporte naquele dia, quando o visto vencesse, eu
ainda estaria em Nova Delhi. Fiquei enlouquecido de raiva, pois havia
conversado anteriormente e me falaram que o meu visto teria duração de 6 meses.
Terei que perder novamente o meu tempo para ir lá...
Frustrado,
voltei para o centro e fui para o hotel que tenho costume de ficar. O “ meu
quarto” estava ocupado, então me deram um outro no 5º andar. Um suplício subir
5 andares de escada, no calor que estava fazendo, mas tudo bem.
Fui ao meu
amigo que imprime e faz cópias de arquivos que uso nas salas de aula. Imprimi
novas atividades para os alunos, inclusive a letra da música que utilizarei na
próxima semana. Lá, tem também, um estúdio de fotografia, então ficamos vendo
fotos e pôsteres que ele tem. Comentei sobre a intenção de fazer um pôster com
diversas fotos das crianças e ele me deu uma breve aula de como fazer isso no
Photoshop. Cheguei no hotel e fiquei horas organizando as fotos e “colando” no
futuro pôster, que custará menos de BRL30 e terá 36x48”.
Como
frequento os mesmos lugares, já tenho uma certa relação de amizade em hotéis,
restaurantes e até com o drug dealer (traficante) local. Cada dia que passa me
torno menos turista e mais um cidadão de Kathmandu.
Minha loja! Prakash |
Encontrei
com meus amigos para jantar e a alemã levou um dos alunos dela, um monge de 19
anos, que está há mais de 10 anos no monastério. Essa experiência foi
impagável! O rapaz era um showman e foi o centro das atenções da nossa mesa. Contou
histórias de quando foi pego pela polícia, dirigindo sem carteira, das
traquinagens que fazem com outros monges e nos ensinou xingamentos em nepalês.
Disse que ficou quase 8 anos sem poder sair do monastério, mas hoje ele já tem
mais liberdade. Depois de conhecê-lo, pude entender melhor os casos de monges
largarem o monastério e se casarem, principalmente com voluntárias.
Quando imaginamos
monges budistas, inicialmente, pensamos na vida de abdicações e orações,
colocando-os como seres distantes do nosso mundo físico. Entretanto, são tão
humanos como nós e, nem todos, tem essa vocação, já que a grande maioria é
enviada muito jovem para os monastérios. Combinei de ir jogar bola com os
monges, qualquer dia desses.
Voltei para
o hotel, querendo apenas uma boa noite de sono, que não aconteceu. Acordei no
meio da madrugada, me coçando, e acendi a luz para pesquisar a causa. Minhas
suspeitas se confirmaram quando vi um pequeno artrópode caminhando pelo lençol.
Bed bugs!!! Os minúsculos insetos, famosos por se hospedar em camas, mordendo e
sugando o sangue de viajantes, enquanto dormem. Todo mochileiro já ouviu falar
dessas pragas, mas eu nunca tinha tido a experiência. Fui até a recepção e pedi
para mudar de quarto, mas o hotel estava lotado e 02:00 da manhã não dá para
sair por aí procurando hotéis com vaga.
A solução, dada por mim, obviamente, foi colocar
um colchão no chão e dormir por lá mesmo. Algumas horas depois acordei com uma
coceira estranha e consegui capturar a fonte. Pulgas! Se não bastasse bed bugs
na cama, tinha pulgas no carpete. Matei umas duas e o cansasso venceu o
desconforto, por volta de 04:30 da manhã
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