Comparando meus
dias anteriores com os mais atuais, é perceptível que as coisas que me
incomodavam muito, assim que cheguei ao Nepal, tornaram-se menos relevantes do
que as experiências vividas.
A comida
continua fraquíssima, inclusive recebi algumas receitas da APAE, mas o problema
não é falta de alimento, mas sim crer que arroz é o mais importante alimento.
Vez ou
outra, ratos continuam assombrando o forro do teto. Uns dias atrás ocorreu até
uma briga entre eles – ouvi os gritos.
Dores de
cabeça entre as crianças são tão corriqueiras, que já não me assustam mais.
Quase todo dia tem alguma se queixando de dores. A primeira coisa que fazem é
se recolher e não almoçar/jantar. Ninguém toma providências para ajudar, então
entro em ação com remédios, com poderes especiais (paracetamol), e levo comida
para o adoentado. Ficar sem comer nunca ajuda em nada. Além de dores, os
problemas respiratórios também estão por toda parte.
Alguns
ambientes são absurdamente insalubres, com mofo por todos os lados e, em um
determinado quarto, o cheiro de urina é tão forte, que não consigo entrar. Como
ninguém toma providência, creio que nem percebem e/ou não se incomodam.
Banho? Uma
vez e meia por semana. A meia é por conta das meninas lavarem os cabelos no decorrer
dos dias.
Com todas
essas questões que me incomodam, e muito, superá-las vem sendo relativamente
fácil, principalmente, quando se vê a alegria de todos brincando, o carinho de
uns com os outros, a dedicação dos responsáveis pelo orfanato. Todos aqui se chamam
de irmãos e vivem realmente em uma irmandade de dar inveja a muitas famílias,
unidas apenas pelo laço sanguíneo, e que teriam tudo para serem imensamente
felizes, mas esse pretérito, é imperfeito.
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