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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Dia 146 - Lamatar, dia 38

Aquele dia chuvoso
Comparando meus dias anteriores com os mais atuais, é perceptível que as coisas que me incomodavam muito, assim que cheguei ao Nepal, tornaram-se menos relevantes do que as experiências vividas.


A comida continua fraquíssima, inclusive recebi algumas receitas da APAE, mas o problema não é falta de alimento, mas sim crer que arroz é o mais importante alimento.

Vez ou outra, ratos continuam assombrando o forro do teto. Uns dias atrás ocorreu até uma briga entre eles – ouvi os gritos.

Dores de cabeça entre as crianças são tão corriqueiras, que já não me assustam mais. Quase todo dia tem alguma se queixando de dores. A primeira coisa que fazem é se recolher e não almoçar/jantar. Ninguém toma providências para ajudar, então entro em ação com remédios, com poderes especiais (paracetamol), e levo comida para o adoentado. Ficar sem comer nunca ajuda em nada. Além de dores, os problemas respiratórios também estão por toda parte.

Alguns ambientes são absurdamente insalubres, com mofo por todos os lados e, em um determinado quarto, o cheiro de urina é tão forte, que não consigo entrar. Como ninguém toma providência, creio que nem percebem e/ou não se incomodam.

Banho? Uma vez e meia por semana. A meia é por conta das meninas lavarem os cabelos no decorrer dos dias.

Com todas essas questões que me incomodam, e muito, superá-las vem sendo relativamente fácil, principalmente, quando se vê a alegria de todos brincando, o carinho de uns com os outros, a dedicação dos responsáveis pelo orfanato. Todos aqui se chamam de irmãos e vivem realmente em uma irmandade de dar inveja a muitas famílias, unidas apenas pelo laço sanguíneo, e que teriam tudo para serem imensamente felizes, mas esse pretérito, é imperfeito.

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