Van carregada |
Evidentemente, saímos 13:00, ao invés de 09:00, como era previsto.
No total, éramos 6 voluntários, sendo que duas iam dar aulas em um templo budista, três trabalhariam como fotojornalistas e eu, que iria para o orfanato, ajudar as crianças no dever de casa e dar aulas de inglês na escola. A van, com capacidade para sete pessoas, no máximo, tinha nove.
Duas horas depois, cheguei ao meu projeto. O caminho foi bem agradável, já que a casa fica no alto de um morro, entre as montanhas e é possível ver Kathmandu ao fundo, bem distante. Cheguei e a voluntária, que já está aqui há três semanas, estava me aguardando na porta, junto com algumas crianças e as pessoas responsáveis por cuidar das crianças, cozinhar e limpar o orfanato. Fui para o meu quarto, que fica no segundo andar, deixei minhas coisas, pendurei meu terno próximo à janela e fui, junto à voluntaria e as crianças, explorar o local.
As crianças me chamam de my brother, meu irmão, pois, tradicionalmente, é assim que as pessoas tratam umas às outras. Me apresentei como Prakash, mas ainda queriam saber meu nome ocidental.
Celular não funciona bem, muito menos a internet nele. Há wifi, mas como há energia apenas em poucas horas do dia, fica difícil saber quando terei a oportunidade de acessar a web. São duas casas, uma onde fica a cozinha, copa e, no segundo piso, dois quartos para voluntários, e a outra é onde as crianças dormem, brincam e fazem o dever de casa. Tudo extremamente simples, mas relativamente limpo.
Relativamente, pois meu quarto fedia a mofo. Travesseiro, cama e cobertor com um cheiro muito forte. Já era fim de tarde, mas mesmo assim, coloquei as coisas lá fora, para tomarem um pouco de ar. Pouco adiantou, então para dormir, improvisei um travesseiro com roupas limpas, sendo que a fronha foi uma camiseta de manga comprida, amarrada. O cobertor foi minha toalha, que estava um pouco úmida, após o banho gelado que tomei.
O jantar foi servido por volta das 20:00, e eu já estava me sentindo fraco de tanta fome, já que barras de cereal e biscoitos, não sustentam nem alimentam ninguém, e minha última refeição foi 12:00. Sem carne, comi apenas uma modesta porção de arroz, lentilha, e legumes. Desde o princípio, estava preocupado com a brusca queda na alimentação, mas tentarei adaptar o meu corpo o mais rápido possível. Aqui se come com as mãos, mas pedi uma colher, pois ainda não estou nessa vibe.
O orfanato fica em Lalitpur, precisamente no distrito de Lamatar, há cerca de 2 horas de Katmandu (20Km), mas ainda na região do Kathmandu Valley (Vale de Kathmandu). O clima aqui é bem mais fresco que no centro da capital, apesar de ser próximo, e durante a noite faz frio. Usei pela primeira vez uma calça de malha que comprei, para ajudar a me aquecer.
Conversei um bocado com a americana, que se chama Kathryn, e ela me contou que estava sozinha por aqui, há cerca de uma semana e meia, e já não aguentava mais não ter com quem conversar.
Ela me contou que, incialmente estava em um projeto, onde ela auxiliaria as crianças na aula de inglês, mas ao contrário disso, ela dava 100% das aulas e os professores ficavam papeando, de maneira que ela se sentia usada, ao invés de útil.
Imediações do projeto |
Dormi, esperando por dias melhores, pois já sei que os primeiros são mais pesados e conflitantes.
Poxa, Pedro. Fiquei preocupado do lado de cá. Que Deus abençoe seu trajeto e que muitas experiências boas venham de toda a dificuldade. Forte abraço.
ResponderExcluirPedroviski, eu ainda nao tinha entendido muito bem qual era a sua missão ao chegar no Nepal. E assim...cara...sinta-se feliz em saber que você poderá simplesmente voltar um dia p/ BH, conforto da sua casa e dos braços da sua mãe. A gente fica sempre pensando assim..."poxa o que eu ganho com isso?" mas acho que pode ser uma oportunidade para pensar "poxa eu já tenho tanto (saúde, família, instrução) o quanto será que poderei doar e retribuir ao universo por tudo o que eu tive acesso na minha vida até agora?" :-) mudança de ótica e paradigmas Pedro! :-) Tenha convicção que o que essas crianças podem ensinar não se acha nem em mil livros. Bjao :-) proud of you!
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