Casa onde ficam as crianças |
Tragédias a
parte, depois do café da manhã, Kat reapareceu. Ela me contou que ficava a toa
em uma casa, no meio do nada, enquanto as crianças assistiam TV, em nepalês. Além
disso a comida era terrível; para ela reclamar que a comida era terrível, a
coisa foi feia...
Fui para o centro
da cidade comprar água e qualquer tipo de comida que me ajudasse a sobreviver
por aqui. Por algum motivo, estava tudo fechado e apena uma lojinha, bem
vagabunda, aberta. Comprei água e chocolates para dar às crianças, que adoraram
a surpresa. Lembrei também dos maiores, com 12, 16 anos, afinal, todo mundo
gosta de um mimo.
As crianças
aqui são bem afetuosas e alegres. O orfanato é simples, mas oferece tudo que
elas precisam, desde alimentação, até abrigo. Fui passear no interior da casa
onde elas vivem e, apesar da sujeira (ninguém liga pra isso), é bem
arrumadinho, com uma cama para cada um deles, sala de TV, sala de estudos e uma
mini biblioteca. O escritório também fica lá, junto a um memorial para Kendra
Fallon, uma americana que morreu aos 19 anos.
Kendra
Fallon foi voluntária desse projeto e ao final foi fazer a mesma coisa que eu
pretendo, uma trilha de Lukla até o Acampamento Base do Everest, em 2010.
Infelizmente o avião que a levaria de Kathmandu para Lukla, caiu e todos os
passageiros morreram. Por conta disso o seu pai doou USD5.000 para ajudar no
orfanato. Uma história muito triste e que me deixa ainda mais apreensivo para
voar rumo ao Everest.
Conversando
com Kat, tentei pegar algumas dicas de como adaptar o meu corpo à mudança de
alimentação, o que tem sido meu maior desafio. Ela disse que sofreu por uma
semana e meia, mas depois se adaptou, de forma que em cada refeição oferecida,
ela comia o máximo que aguentava (arroz, arroz e mais arroz).
A noite um
dos nepaleses responsáveis pelo projeto nos ensinou dois jogos de cartas, bem
interessantes e simples. Enquanto jogávamos, ouvimos gritos vindos do andar de
baixo. Uma das cozinheiras estava urrando de dor de cabeça. Nunca vi uma dor de
cabeça deixar alguém daquele jeito. Ficamos todos assustados, mas eu tenho um
analgésico bem forte, a base de codeína, que ajudou a melhorar a dor.
Depois do
susto, fui dormir, ao som dos meus vizinhos roedores do andar de cima – acho que
estavam brigando.
0 comentários:
Postar um comentário